terça-feira, 17 de março de 2015

A Queda continuação










PRINCIPIO FUNDAMENTAL – O AMOR

Ademais, existia um terceiro princípio, fundamento do universo espiritual - o do Amor - mercê do qual Deus não é egocêntrico senão para irradiar em Amor. Assim sendo, o Sistema de Deus não pode basear-se na coação, assim como, em virtude do princípio de liberdade, não pode basear-se no determinismo, mas apenas na adesão espontânea. Deus, por ser Amor, não pode que­rer a criatura forçadamente prisioneira do Seu Amor. Ele limita-se a atrai-la. Eis uma nova característica do Sistema, que não pode admitir da parte da criatura, senão uma correspondência de caráter espontâneo, sem a qual não há amor. Não é possível, forçadamente gravitar-se em direção a Deus, por amor. Assim, pois todo o Sistema, ainda por esse principio, impunha a livre escolha, qual passagem obrigatória para valorização do ser, que devia, antes de aceito, conquistar plenamente esse direito, demonstrando livremen­te haver compreendido, aceito e querido corresponder ao Amor de Deus. ....Foi por amor que Deus quis a criatura egocêntrica, feita à Sua imagem e semelhança, participe das Suas próprias quali­dades. Foi por amor que Deus quis a criatura livre, a fim de que ela livremente compreendesse e retribuísse esse amor.

c) O “DIALOGO” - A DECISAO - SUAS REPERCUSSOES – AS CONSEQUENCIAS

Entendidas a necessidade, a lógica e a utilidade da prova, observemos como se comporta o ser neste momento supremo.
Eis a criatura, substancialmente espírito, centelha de Deus, apenas destacada do seio do Pai que a gerou. Ela fita o Centro, do qual derivou por ato de Amor, a que deve a sua existência. A estrutura do sistema impõe uma resposta sua a esse ato, a correspon­dência de um recíproco ato com que essa criatura, por sua livre aceitação, confirme ou renegue, como queira, permaneça no Sistema ou dele se desligue, ponha-se dentro ou fora dele, agindo livremen­te e definindo, assim, a sua posição. O Criador respeita tanto a li­berdade que Ele deu à criatura, fazendo-a à Sua imagem e semel­hança, que submete a Sua obra de Criador a essa criatura, como ocorre no consentimento necessário de duas partes num contrato bilateral. Somente quando a livre criatura tiver dito: "Sim", a cria­ção estará completa, aperfeiçoada até a esse momento, em que a criatura é quase chamada, com seu consentimento, a colaborar. Pa­rece enorme, absurda, tanta bondade. Mas essa é a estrutura do Sistema, assim quer o Amor de Deus.
Eis o ser diante de Deus. Apenas criado, ele ainda não falou. Deve dizer agora a sua primeira palavra, que Deus lhe pede em resposta ao Seu ato criador: a palavra decisiva. Deus lhe fala primeiramente:
"Olha, ó criatura, o que há diante de ti. Eu sou o Pai que te criou. Quis fazer-te da Minha própria substância, um “eu sou”, centro, livre como "Eu Sou". Fiz-te grande com a minha grandeza, poderoso com o meu poder, sábio com a minha sabedo­ria. Fiz assim espontaneamente, por um ato de Amor para conti­go, minha criatura. A este Meu ato falta somente um último reto­que para ser perfeito e ele deve partir de ti. Espero-o de ti, que o farás com plena liberdade. Ofereço-te a existência como um grande pacto de amizade. Ele é baseado no Amor com que te criei e a que deves o teu ser. Podes aceitar ou não este Meu Amor. Todo pacto é bilateral, toda aceitação de amor deve ser espontânea. E absurda uma imposta correspondência de amor. Escolhe  Vê o que Eu já fiz por ti. Eu ti precedi com o exemplo. Tu me vês. Olha e decide. Qualquer pressão Minha fará de ti uma criatura escrava e Eu te quis livre, porque deves assemelhar-te a Mim. Para que Eu pudesse amar-te como quero, devias ser semelhante a Mim. Não se pode pedir Amor a um escravo, mas somente obediência impos­ta, o que está fora do Meu sistema e seria a sua inversão. Vem pois, a Mim, corresponde ao Meu Amor que te chama e te atrai Confirma a Minha obra com a tua aceitação. Por tua livre escolha. consente, entra e coordena-te no Meu Sistema, do qual Eu sou cen­tro. Subordina o teu "eu sou" menor ao "Eu Sou", o Uno-Deus, supremo vértice que rege o Todo. Reconhece a ordem da qual Eu sou o chefe. Promete obediência à Lei que exprime o Meu pensa­mento e vontade. Por Amor te peço, pois que és meu filho, que me retribuas o Amor com que te gerei".
Após essas palavras, por um instante ficou suspensa a res­piração do universo, enquanto as falanges dos espíritos criados os­cilavam em cósmicas ondulações. O ser olha e pensa. Ele sente o poder que lhe vem do Pai, uma imensidade que o torna semelhante a Deus. É livre, como um “eu sou”  autônomo, senhor do seu sistema, das suas forças e equilíbrios interiores. A sua própria estrutura, permeada de divina grandeza, impele-o a repetir em sentido autônomo, separatista, o egocentrismo que ele continha do "Eu Sou" máximo: Deus.
Mas, do outro lado há uma força oposta, anti-egocêntrica, tendente a neutralizar a primeira: o Amor. Ele se manifesta como silenciosa atração, que se impõe por bondade. Quem compreendeu esse apelo, verdadeiramente compreendeu Deus.
As duas forças, assim diversas, movem as falanges dos espíritos, que as examinam e pesam. Belo é o Amor, mas acarreta uma renúncia cheia de deveres, uma renúncia à plenitude total do "eu sou", implica obediência, o reconhecimento de uma posição subordinada. Eis o perigo tentador: exagerar, em seu juízo, a pró­pria semelhança com Deus e admitir uma pretensão de identidade. Ao invés de seguir o caminho do Amor, coordenando-se com obe­diência na ordem, tomar a via oposta. Devendo coordenar o pró­prio "eu sou", reforçar sua autonomia, fazendo-se isoladamente centro do sistema com sua própria lei. Imitar Deus somente para superá-Lo. Responder ao doce apelo de Amor com um  desafio: "Não! Deus, eu, criatura, sou maior do que Tu. Eu sou  Deus, não Tu"!
Então, muitos "Deuses" menores, feitos de substância divina, livremente decidiram tornar-se "Deuses" maiores, iguais a Deus. A escolha foi por eles feita ... Mas não foi assim para todos os se­res. A balança em que foram colocados os dois impulsos, para uma outra multidão de espíritos se inclinou, ao invés, para o lado Amor, oposto ao da rebelião por orgulho. (DEUS E UNIVERSO – Pietro Ubaldi – Cap. III – A QUEDA DOS ANJOS – 2 Ed.)


Pergunta 76 - Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material” (LIVRO DOS ESPÍRITOS - Allan Kardec - questão 76)

A quem objetar que um sistema perfeito não deve conter a possibilidade de erro, deve-se contestar que essa possibilidade. ... De outra forma não nos encontraríamos em um sistema de liberdade, mas de determinismo, no qual as criatu­ras não passariam de autômatos. Ora, Deus não criou seres dessa espécie, mas sim criaturas participes das suas próprias qualidades. Dada a estrutura do Sistema, gera-se uma cadeia de férrea lógica, que conduz dos princípios a essas conseqüências. A criatura deveria, pois, necessariamente encontrar-se ante a encruzilhada da escolha.
....O Sistema estava acima do erro nele possível, e fora constituído para permanecer íntegro, inabalável, para qualquer acontecimento. Por isso podia permitir em seu seio uma possível violação e desordem, tanto mais quanto essa possibili­dade tinha uma função, a de aprovar o ser dando-lhe, segundo o princípio de justiça, se superasse a prova, o pleno direito de aqui­sição da sua posição de filho de Deus, somente depois de havê-lo merecido. O Criador exigia da criatura uma livre aceitação do Sis­tema, um espontâneo reconhecimento das recíprocas posições nele, para então poder conceder ao ser uma livre co-participação em Sua obra, como o Sistema requer, o que seria impossível com uma criatura escrava ou um autômato. (DEUS E UNIVERSO – Pietro Ubaldi – Cap. III – A QUEDA DOS ANJOS – 2 Ed.)
Eles reconheceram a superioridade de Deus e se fundi­ram na Sua Ordem, tornando-se-Lhe colaboradores, livremente acei­tando-a e compreendendo.
Tiveram, então, início no ser decaído, duas vias opostas, que o distinguem. De um lado, o orgulho, o mal, a dor, as trevas, o caos e, consequentemente a criação e vida na matéria. Do outro a obediência, o bem, a luz, a ordem e a vida perfeita do puro es­pírito. A queda é a involução, da qual se sobe redimido pelo esforço da evolução, absorvendo o mal em dor, edificando-se pelo sofrimento com a experiência da vida, assim se desmaterializando e espiritualizando na ascensão ao encontro de Deus, que não aban­donou o ser que caiu, mas apenas lhe disse: "Destruíste o esplên­dido edifício. Contudo, continuas a ser meu filho. Reconstruirás, porém, tudo com o teu esforço".(DEUS E UNIVERSO – Pietro Ubaldi – Cap. III – A QUEDA DOS ANJOS – 2 Ed.)
Usamos neste capítulo a expressão "queda dos anjos", porque tradicional e de mais fácil compreensão. Todavia, é bom esclarecer ser ele uma expressão antropomórfica, que reduz o fe­nômeno às dimensões inferiores da matéria. Ainda que acanhado, o antropomorfismo constitui uma necessidade, porque, embora conte­nha o defeito de desfigurar o real aspecto do fenômeno, tem o va­lor de aproximá-lo de nosso mundo tão diferente.  Cumpre-nos, pois, aqui realçar que a expressão "queda dos anjos" representa uma redução da realidade, na medida limitada da psicologia hu­mana. De fato, o fenômeno ocorreu em planos de existência tão elevados, que para nós se situam no superconcebível; ocorreu em dimensões em que as nossas representações de espaço e de tempo não têm mais sentido. A imagem, pois, que tivemos de escolher representa u'a  mutilação e não uma expressão da realidade. (DEUS E UNIVERSO – Pietro Ubaldi – Cap. III – A QUEDA DOS ANJOS – 2 Ed.)

Mas observemos ainda mais pormenorizadamente a visão do fenômeno. ....Começou um processo de desfazimento e de descida, de inversão de todas as qualidades do Sistema nas qualidades opostas. Este processo chama-se involução, explicando-se assim como nasceu à matéria e porque o nosso universo assumiu uma forma material. Explica-se também como, chegados ao fundo do caminho da descida involutiva, tenha podido nascer e desenvolver-se o processo inverso, em que estamos situados e se chama evolução. Só dessa forma são coordenados todos os fenômenos do universo num único telefinalismo; compreende-se porque nascem os planetas e a vida sobre eles, descobrindo-se o fio espiritual que liga todas as formas de vida num único caminho ascensional dirigido para Deus.
Há o fato positivo de não se poder dar a Deus, de maneira nenhuma a paternidade de um universo, que demonstra ser o contrário da perfeição. ... O nosso Universo, dividido no dualismo, em que cada ponto se fracionou em dois termos contrários que lutam para sobrepor-se, é um trabalho tão sobrecarregado de males, dores e imperfeições, tal como existe hoje, que só pode ser considerado como um estado patológico de decadência. A quem o atribuiremos pois? Não há dúvida de que a esses efeitos, temos de atribuir uma causa. Como no todo não há outros termos e não podemos atribuir ao Criador a derrocada, só nos resta atribuí-la à criatura. ....em vista de no todo só existir Deus e a Sua criatura, só nos resta atribuir essa obra à Sua criatura. (O SISTEMA – Pietro Ubaldi – Cap. III – QUEDA E RECONSTRUCAO DO SISTEMA – Pag. 39 – 2 Ed.)

“Quem é, com efeito, o culpado? É aquele que, por um desvio, por um falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo Homem-Deus, por Jesus - Cristo”.
“Que é o castigo? A conseqüência natural, derivada desse falso movimento; uma certa soma de dores necessária a desgostá-lo da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção. Querê-lo eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser”.

“Oh! Em verdade vos digo, cessai, cessai de pôr em paralelo, na sua eternidade, o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura. Fora criar uma penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos castigos e das penas pelas transgressões e consagrareis a unidade divina, tendo unidos o sentimento e a razão.” (LE – ALLAN KARDEC - PAULO, apóstolo - Cap. II – Parte 4 – Das Penas e Gozos futuros – Pag. 468 – FEB)

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