NOSSO COMPORTAMENTO DIANTE DO DESENCARNE
c.5.1) A Melhora da Morte
O transe era, sem dúvida,
melindroso.
A esposa do médium, ao pé
dele, não obstante prolongadas vigílias e sacrifícios estafantes, que a
expressão fisionômica denunciava, mantinha-se firme a seu lado, olhos vermelhos
de chorar, emitindo forças de retenção amorosa que prendiam o moribundo em
vasto emaranhado de fios cinzentos, dando-nos a impressão de peixe encarcerado
em rede caprichosa.
Jerônimo apontou-a,
bondoso, e explicou:
— Nossa pobre amiga é o
primeiro empecilho a remover. Improvisemos temporária melhora para o
agonizante, a fim de sossegar-lhe a mente aflita. Sômente depois de semelhante
medida conseguiremos retirá-lo, sem maior impedimento. As correntes de força,
exteriorizadas por ela, infundem vida aparente aos centros de energia vital, já
em adiantado processo de desintegração. (André Luiz –
OBREIROS DA VIDA ETERNA – Cap. XIII – Pág. 204 – FEB)
— Precisamos fornecer-lhe
melhoras fictícias — asseverou o dirigente de nossas atividades, tranquilizando-lhe
os parentes aflitos. A câmara está repleta de substâncias mentais torturantes. O Assistente
principiou, então, a exercer intensivamente sua influência. (André Luiz –
OBREIROS DA VIDA ETERNA – Cap. XIII – Pág. 205 – FEB)
c.5.2) Como deve ser o comportamento da família
perante o desencarne?
“E vós que vos
acercais dos sepulcros para lançar sobre os vossos mortos esse perfume da alma
que vos corre dos olhos, oh! não choreis mais. Olhais e vereis diante de vós um
anjo luminoso, guardando a entrada da tumba. Escutai-o atentamente e ouvireis
uma voz amiga que vos diz: “não choreis; aquele a quem buscais não está
aqui; caminha à vossa frente; cedo ireis a ele juntar-vos e ele próprio se
mostrará aos vossos olhares”. Oh! credes, crede e esperai, vós todos a quem
a dor acabrunha, vós que perdeis o que vos são caros. Crede e caminhai para
diante com confiança, que bem depressa os vereis.”(J.B.ROUSTAING – OS QUATRO
EVANGELHO - Tomo 3 - pág. 490)
“Cada tempo da
criatura na Terra se caracteriza por determinada grandeza, que não será lícito
falsear. ...Não julgues que ames a alguém sem que lhe compreendas as
necessidades de cada período da existência. A isso nos repostamos a fim de que
ajudes positivamente aos seres queridos que te precederam na grande romagem da
desencarnação. Sem dúvida, agradecem eles o carinho com que lhes conservas o
retrato da forma física ultrapassada; contudo, ser-te-ão muito mais
reconhecidos sempre que lhes reconstituas a presença através algum ato de
bondade a favor de alguém, cuja memória agradecida lhes recorde o semblante em
momentos de alegria e de amor, que nem sempre no mundo puderam cultivar.
Decerto, sensibilizam-se ante a flor que lhes ofertas às cinzas, mas se
regozijam muito mais com o socorro que faças a quem sofre, doado em nome deles,
pelo qual se sentem mais atuantes e mais vivos, junto daqueles que ficaram...
Quando mentalizes os supostos desaparecidos na voragem da morte, pensa neles do
ponto de vista da imortalidade e do progresso. ...Reverencie aqueles que
partiram na direção da Vida Maior, mas converte saudade e pesar em esperança e
serviço ao próximo, trabalhando com eles e por eles, em termos de confiança e
reconforto, bondade e união, porquanto eles todos, acima de tudo, são
companheiros renovados e ativos, aos quais fatalmente, um dia, te reunirás.”(FCXAVIER
- Encontro Marcado – Emmanuel – Cap. 24, Pág. 82-83 - 6 ed. – FEESP)
“Essa compreensão de que a morte não é o fim, mas um episódio
inevitável, de transição, não impede o espírita de verter lágrimas ante o corpo
inerte do ser amado. Emmanuel, na mensagem “Ante os que partiram”, pondera:
“Nenhum sofrimento, na Terra, será comparável ao daquele coração que se debruça
sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande
silêncio”. A compreensão espírita apenas não o deixa eternizar o sofrimento,
pois sabe que a separação é temporária, e que, além disso, a vida física não é
a principal para as almas, malgrado sua importância, mas simples etapa
destinada a favorecer-lhes o resgate de erros, o aprendizado indispensável à
conquista da perfeição”. (Martins Peralva, O
Pensamento de Emmanuel, Cap. 04).
B.
DURANTE
O DESENCARNE
d.1) Como se dá a
Desencarnação
“(...) a alma se
desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua
subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte
que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Esses laços se
desatam, não se quebram.
Durante a
vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou
perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro
invólucro, que do corpo se separa quando cessa a vida orgânica.
A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do
perispírito não se completa subitamente que, ao contrário, se opera
gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é
bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da
libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e
sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias,
semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade,
nem possibilidade de volver a vida, mas uma simples afinidade com o Espírito,
afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida,
o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais
o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja
separar-se dela, ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos
pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo,
de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos
estudos feitos em todos os indivíduos que se tem podido observar por ocasião da
morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persiste entre a alma e
o corpo, em certos indivíduos é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito
pode experimentar o horror da decomposição.
Esse caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a
certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas”. (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Perg. n° 155).
d.2) A debilidade do
corpo físico, durante o desencarne, facilita a percepção da realidade
extra-física ?
— É Dimas! — exclamou, indicando o enfermo — assíduo colaborador
dos nossos serviços de assistência, faz muitos anos. Veio de nossa colônia
espiritual, há pouco mais de meio século, consagrando-se a tarefa obscura para
melhor atender aos divinos desígnios. Desenvolveu faculdades mediúnicas
apreciáveis, colocando-se a serviço dos necessitados e sofredores....
....O enfraquecimento físico atingira o ápice e Dimas conseguia deixar o
aparelho corporal, de certo modo, com extraordinária facilidade.
Vendo-nos, perto do leito, pôs-se em ardente rogativa, pedindo-nos
colaboração. Estava exausto, dizia; no entanto, mantinha-se calmo e confiado.
Aconselhado por Jerônimo, acerquei-me do enfermo, aplicando-lhe passes
magnéticos de alívio sobre o tecido conjuntivo vascular. O abdômen
conservava-se pesado e enorme. Revelaram-se, porém, sensações imediatas de
reconforto.
Seguindo-se ao meu auxílio humilde, Jerônimo dirigiu-lhe palavras de
encorajamento e prometeu voltar, mais tarde. Dimas, enlevado, endereçava ao Céu
comovedor agradecimento. (André Luiz – OBREIROS DA VIDA ETERNA – Cap. XI - pág. 175
– FEB)
Notei, todavia, que Cavalcante era absolutamente alheio à nossa
influenciação. Nada percebia de nossa presença ali, verificando que ele, apesar
das elevadas qualidades morais que lhe exornavam o caráter, não possuía
bastante educação religiosa para o intercâmbio desejável.
Dos quadros que havíamos observado naquele dia, esse era, sem dúvida, o
mais triste. Além das vibrações do ambiente perturbado, o operando não oferecia
fácil ensejo à nossa atuação.
— Tenho tido dificuldade para mantê-lo tranqüilo — dizia Bonifácio,
inclinando-se para o Assistente — em vista dos parentes desencarnados que o
assediam de modo incessante. Não obstante os trabalhos de vigilância que
garantem o estabelecimento, muitos deles conseguem acesso e incomodam-no. O
pobrezinho não se preparou, convenientemente, para libertar-se do jugo da carne
e sofre muito pelos exageros da sensibilidade. E muito embora o abandono a que
foi votado, tem o pensamento afetuoso em excessiva ligação com aqueles que ama.
Semelhante situação dificulta-nos sobremaneira os esforços.
(André Luiz – OBREIROS DA VIDA ETERNA – Cap. XI - pág. 183/184 – FEB)
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